Ballet de Londrina estreia a peça “Bora!” no Festival de Dança

Neste sábado (15), às 20h, o Ballet de Londrina estreia seu espetáculo “Bora!” como parte da programação do Festival de Dança de Londrina. A nova montagem oferece ao público uma sequência de fotografias cinéticas que revelam com ironia e irreverência a fragilidade das relações humanas no século XXI, entre o desejo de pertencimento e a necessidade de manter a integridade individual. Realizada no Cine Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85), a apresentação tem classificação indicativa livre, e os ingressos podem ser adquiridos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), por meio da plataforma Sympla (clique aqui).

Essa é a primeira vez em que a companhia oficial da cidade é coreografada por um artista externo – Henrique Rodovalho, diretor da Quasar Cia de Dança e um dos nomes mais reverenciados da dança brasileira atual. O coreógrafo, natural de Goiânia, aceitou o convite do Ballet no primeiro semestre deste ano e permaneceu em Londrina em agosto, quando concebeu a montagem. Ao longo de setembro, os nove bailarinos, sob a batuta do diretor geral da companhia Marciano Boletti, ensaiaram as cenas. Rodovalho retorna agora à cidade para os ajustes finais e a estreia. Outro profissional de renome que participa do projeto é o figurinista paulistano Cássio Brasil, que produziu parte dos trajes em São Paulo e parte em Londrina, em processo que considerou diálogos produtivos com o elenco. A assistência de direção e direção de produção é de Danieli Pereira.

Animada pela música eletrônica do compositor japonês Aoki Takamasa e do multiartista português Komet, a coreografia contagia o público. “Eu acho que, mesmo na pós-pandemia, e apesar de todas as dificuldades da situação como está hoje, essas construções positivas têm de acontecer, no sentido mesmo de não desanimar, não entristecer. O ‘Bora!’ vai muito neste lugar”, explica Rodovalho. Entretanto, ao mesmo tempo que se constitui como um chamado para ir adiante e progredir, “Bora!” deixa implícita a pergunta: Avançar para onde? Conclamando, assim, a uma ação consciente.

Os bits ora compassados e ora irregulares que se ouvem desde o momento em que o dançarino solitário que inicia a montagem encontra o agrupamento social conduzem, em fluxos e solavancos, personas perdidas em um mundo, ao mesmo tempo, hostil e afável. Como é típica da linguagem de Henrique Rodovalho, os movimentos exploram curvas sinuosas do corpo, destacam quadris e braços, jogam com contrastes de velocidade e trabalham a interpretação irônica do semblante dos bailarinos.

Visualmente, o espetáculo se passa em um não-lugar: um vazio branco, espelhado por luzes frias de led, que remetem à imensidão incomensurável do espaço virtual, uma das “telas totais” (para usar expressão do pensador francês Jean Baudrillard) em que nosso cotidiano está inserido. Em contraste à dimensão espacial asséptica, os figurinos de Cássio Brasil trazem cores quentes, entre o ocre e o alaranjado, que apelam para a sedução do calor humano. Os cortes e as formas lembram a urbanidade e a juventude, gerando identificação com os espectadores. “Eu segui a indicação do Henrique para os terrosos e fui para uma roupa que é urbana, cotidiana, ordinária e que pudesse, de alguma maneira, estabelecer um vínculo com quem vai ver, trazer uma proximidade”, destaca Brasil.

O elenco do Ballet de Londrina é formado pelos dançarinos Alessandra Menegazzo, Ariela Pauli, Higor Vargas, Ione Queiroz, Lucas Manfré, Matheus Nemoto, Nayara Stanganelli, Thaisa Morais, Viviane Terrenta e Wesley Silva. A companhia está vinculada à Funcart – Fundação Cultura Artística de Londrina, com patrocínio da Secretaria de Cultura e da Prefeitura Municipal de Londrina.

Espetáculos de encerramento – Encerrando a programação do festival, o Balé Teatro Guaíra apresenta duas montagens no domingo (16), a partir das 20h: “Tempestade”, do coreógrafo e diretor Mário Nascimento, e “V.I.C.A.”, de Liliane de Grammont. Ambas trazem para o palco, respectivamente, uma grande carga de sentidos e significados capazes de remeter o público ao fenômeno da natureza e uma reflexão da importância da coletividade como estratégia para vencer desafios. Os espetáculos serão apresentados no Cine Teatro Ouro Verde, com um breve intervalo entre os dois. Disponíveis na plataforma Sympla, os ingressos estão a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada).

“Tempestade” inspira-se nos sentidos figurados da palavra – agitação, desassossego, inquietação –, que estão ligados à psique humana. O trabalho, organizado de forma menos tradicional, é um todo contínuo, um desdobramento incessante de momentos que se contrapõem, se sobrepõem, se atravessam e nos levam juntos para uma experiência de movimento.

O fenômeno que chamamos de tempestade tem potencial devastador, por isso é tão temido, mas ao mesmo tempo, por meio deste poder de destruição, abre espaço para que algo novo possa surgir. Esta foi a inspiração para a montagem, desenvolvida de forma íntima com o compositor e multi-instrumentista Fábio Cardia, parceiro de Mário Nascimento há muitos anos e em muitas produções, em sessões diárias de proposição e resposta.

Já “V.I.C.A.” é o espetáculo que marcou o retorno do Balé Teatro Guaíra aos palcos após a pandemia, por isso busca acender reflexões sobre muito do que passamos durante este difícil período. Em meio a tantas incertezas e desafios, a coreógrafa e diretora Liliane de Grammont nos propõe a coletividade como estratégia para lidar com a vida e seguir adiante. O “corpo coletivo” de que fala a linha curatorial do Festival de Dança este ano. “V.I.C.A.” é um trabalho que reconhece os desafios do presente e nos propõe esperanças para o futuro. Uma montagem com muita dança de qualidade e uma trilha sonora que convida para dançar.

Texto: N.Com, com informações da assessoria do Festival de Dança de Londrina

Fonte: Prefeitura de Londrina – Arquivo O Maringá