Ao longo dos anos, a Usina de Itaipu tem sido uma peça-chave na prevenção e mitigação dos danos causados por incêndios florestais na região, tanto no Brasil quanto no Paraguai. Atualmente, o Brasil e países vizinhos enfrentam os impactos devastadores das queimadas que atingem a Amazônia e o Cerrado, cobrindo os céus com fumaça densa, prejudicando a qualidade do ar e ameaçando a saúde da população.
De acordo com Wilson Zonin, superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, essas queimadas têm um impacto direto não só no ecossistema local, mas também na produção de água. Ele ressalta que 40% da água utilizada pela Itaipu vem do território do Rio Paraná, e as árvores desempenham um papel essencial nesse ciclo. “A queimada altera o regime hídrico da nossa região, e também sofremos a influência da Amazônia, já que metade da água que abastece o Lago de Itaipu vem dos rios voadores que nascem na floresta amazônica”, explica Zonin.
Ele ainda ressalta que a relação entre florestas e recursos hídricos é extremamente complexa e as queimadas contribuem significativamente para o aquecimento global. “É uma situação preocupante que exige atenção constante, pois afeta diretamente a nossa produção de água”, complementa.
Genilson Estácio da Costa, da Divisão de Apoio Operacional de Itaipu, reforça essa visão ao destacar que as queimadas revelam a complexidade das interações entre meio ambiente e saúde, evidenciando a necessidade de ações contínuas para combatê-las e melhorar a qualidade ambiental no Brasil como um todo.
Mesmo a mais de 2 mil quilômetros das áreas mais afetadas pelas queimadas, o Paraná, por exemplo, sente os efeitos na redução das chuvas. Os chamados “rios voadores”, correntes de vento carregadas de umidade que se formam na Amazônia e se dirigem ao Sul, estão trazendo fumaça em vez de chuva, encobrindo os céus e obscurecendo o sol em várias cidades.
Zonin ainda alerta para outro problema: o Cerrado, que concentra as nascentes dos principais rios brasileiros e é conhecido como o berço das águas, também está sendo devastado pelas queimadas. Este bioma, que já sofre intensamente com as mudanças climáticas, é vital para os cursos d’água que alimentam a Mata Atlântica e o Rio Paraná.
Itaipu: Mais Que Energia
A Itaipu não apenas trabalha para reduzir o risco de queimadas, mas também contribui para a preservação de cerca de 9 mil nascentes de rios nas regiões do Paraná e Mato Grosso do Sul, áreas sob sua influência direta. Esses esforços ajudam a minimizar os impactos da crise hídrica que afeta o Brasil.
A usina investe nesses projetos por meio do programa “Itaipu Mais que Energia”, que abrange todos os 399 municípios do Paraná e 35 no Mato Grosso do Sul. O programa engloba iniciativas socioambientais como a Educação Ambiental, o Desenvolvimento Rural Sustentável e a Gestão por Bacias Hidrográficas, sempre alinhadas com os objetivos estratégicos da binacional, especialmente o de garantir a segurança hídrica.
Entre suas metas, destaca-se a preservação das bacias hidrográficas e do reservatório da usina, além da proteção das florestas que rodeiam o Lago de Itaipu. A estratégia envolve a comunidade local, promovendo uma consciência ambiental que estimula a proteção da fauna e flora regionais.
Um Compromisso desde o Início
Desde sua fundação em 1974, a Usina de Itaipu tem sido referência global em conservação ambiental. Suas práticas pioneiras em proteção e preservação da biodiversidade regional são amplamente reconhecidas e servem como modelo para o mundo.
Entre essas práticas, destacam-se a manutenção das Áreas de Preservação Permanente, o monitoramento da biodiversidade, a reprodução de animais ameaçados de extinção e a pesquisa florestal. Além disso, a usina mantém brigadas especializadas em prevenção e combate a incêndios, que atuam ativamente para proteger as áreas ao redor do reservatório.
As áreas protegidas por Itaipu, tanto no Brasil quanto no Paraguai, são reconhecidas pela Unesco como áreas núcleo da Reserva da Biosfera, atestando sua importância ecológica e relevância para a preservação ambiental global.
Fonte:
Maringá